Prefeitura abre exposição fotográfica “Vidas Refugiadas”, no Adamastor Centro

Quarta, 28 de Junho de 2017 - 09:45

Por intermédio da Secretaria de Assuntos Difusos e da Subsecretaria da Igualdade Racial, a Prefeitura inaugurou nesta terça-feira (27), no Adamastor Centro, a exposição fotográfica

‘Vidas Refugiadas’. O prefeito Guti e o vice-prefeito e secretário de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Alexandre Zeitune, além do secretário de Assuntos Difusos, Lameh Smeili e dos subsecretários Anderson da Silva Guimarães (Igualdade Racial) e Antonio Messias dos Santos (Acessibilidade e Inclusão) estiveram presentes na solenidade de abertura.

Em seu pronunciamento, o prefeito Guti disse que a questão dos refugiados é algo que assola não somente Guarulhos, mas todo o planeta. “Esta exposição é um verdadeiro marco; nós precisamos fincar uma bandeira, demonstramos que nós somos sensíveis a isso. É um sinal claro deste governo de que nós temos que dar a contribuição efetiva na solução desse terrível drama mundial”, afirmou.

Guti agradeceu às refugiadas Maria, de Cuba, e Jonathan, da Nigéria; e à curadora da exposição Gabriela. “Sintam-se

acolhidas pela população de Guarulhos. Nós esperamos o melhor de vocês e para vocês”. O prefeito concluiu afirmando que no ano passado, a cidade recebeu 345 refugiados.

Já Alexandre Zeitune disse ser difícil a construção de uma sociedade receptiva e humana, que realmente sobrepõe às pessoas face ao capital, em face de propriedade. “Nós temos obrigações, não apenas de estado, mas que sobrepõe o conceito de organização política. O nosso desafio é muito maior e, nesse sentido, a Secretaria de Assuntos Difusos tem papel central no aprofundamento das formas de cuidar de cada de um de nós. Hoje nós estamos fazendo história, pois este é o primeiro passo de um processo longo e profundamente transformador”, ressaltou.

Por sua vez, secretário Lameh Smeilli afirmou ser um refugiado. “Ainda criança, eu fui obrigado a mudar a minha posição geográfica por conta de uma guerra civil no Oriente Médio. Os refugiados não têm condições de se preparar para sua vida no país de destino; muitas vezes, as pessoas precisam sair às pressas sem documentos. Todos nós fazemos parte da raça humana; em teoria, não deveriam existir diferenças, mas, na prática, estas infelizmente se manifestam”, disse.

Finalizando, o subsecretário Anderson mencionou acreditar que daqui a 20 anos o Brasil não será mais o mesmo. “Com todo o processo de transformação da realidade por meio da aculturação dos imigrantes, a realidade de nosso país será muito diferente da que temos atualmente. Hoje nós precisamos combater com as nossas melhores energias o processo de discriminação em curso na sociedade brasileira”, afirmou.

Debate

Na sequência, foi iniciado debate sobre o tema do refúgio e das políticas públicas em curso com a participação do subsecretário Anderson; a curadora do projeto, Gabriela Cunha Ferraz; das refugiadas Nckechinyere Jonathan, da Nigéria, e Maria Illeana Faguaga Iglesias, de Cuba. Cerca de 50 pessoas estiveram na plateia, e puderam formular perguntas aos debatedores.

A curadora da exposição, Gabriela, falou de seu otimismo a respeito desse diálogo que se abre em Guarulhos para a gestão de ações públicas que defendam a causa dos refugiados. “Existem 57.000 processos aguardando reconhecimento do Comitê Nacional dos Refugiados – Conare, órgão presidido pelo Ministério da Justiça. São sete funcionários para analisar esses casos e 22 novas entradas diárias, o que torna o trabalho moroso e infindável”, concluiu.

Maria, a refugiada cubana, disse em bom português que existe forte discriminação entre os brasileiros. “Imagine, então, o que ocorre aqui com os refugiados de outros países”, ponderou. Falando em inglês, a nigeriana Jonathan afirmou que, por vezes, ela deseja saber por que existem diferentes cores de pele. “Por que a minha vida é tão difícil? Por que as pessoas são discriminadas, se o sangue que corre nas veias é sempre da mesma cor?”, indagou.

Exposição

A exposição revela as necessidades, os dilemas e as conquistas de sete mulheres retratadas, permitindo ao público refletir sobre a integração das refugiadas ao dia a dia no Brasil, revelando as dificuldades e os problemas enfrentados por essas pessoas e, ao mesmo tempo, as superações, as conquistas, os valores e os esforços para a edificação de uma nova vida.

O acervo contém 22 imagens do fotógrafo Victor Moriyama, focado no cotidiano de mulheres refugiadas no Brasil. A exposição ficará aberta até o dia 30 de julho, com entrada franca. O Adamastor Centro fica na avenida Monteiro Lobato, 734 – Macedo.

 

Imagens: Sidnei Barros / PMG