Prefeitura capacita servidores da saúde em direitos humanos

Sexta, 21 de Fevereiro de 2020 - 18:18

A Subsecretaria de Igualdade Racial, órgão que integra a Secretaria de Direitos Humanos de Guarulhos, participou nesta sexta-feira (21) de uma capacitação envolvendo cerca de 20 novos servidores da saúde do município. Médicos, enfermeiros, agentes de saúde, entre outros, puderam aprender e discutir diversos temas envolvendo população negra, indígena, cigana e imigrante.

Para o subsecretário da Pasta, Anderson Guimarães, não é possível pensar em integralidade do SUS sem realizar um profundo estudo de quem são os seus usuários. “Pensar que uma única forma de atendimento contemplaria as demandas diversas é passado. Entender que as nossas ações ainda são tomadas com base cultural da escravidão é o primeiro passo para encontrarmos um caminho melhor para nossa sociedade. As formações com a saúde são pensadas para o enfrentamento permanente contra o racismo estrutural que molda as relações, selecionando os que merecem e os que não merecem atendimento humanizado”, afirmou.

Conteúdo

Meire Romano, psicóloga da equipe técnica da Igualdade Racial, explica que o projeto busca levar informações sobre essas populações para os novos profissionais, que terão contato direto com essas pessoas. "É importante apresentar dados para desconstruir o preconceito que existe. Às vezes a pessoa que está aqui, ouvindo a gente, nem entende que alguma atitude sua pode ser racismo, sabe? Além disso, como profissionais que trabalham com saúde, eles devem entender os motivos que levam, por exemplo, a uma maior incidência de uma doença específica na população negra. Abordamos tudo isso", disse.

A socióloga Elisa Pereira Castro esclarece também que é importante que esses novos profissionais tenham uma visão individual dos casos que irão atender daqui pra frente e que isso pode ajudar na produção de dados para estudo. “Nós damos muita importância para a discussão do quesito raça e cor. Esses novos profissionais devem preencher este tipo de informação nos formulários de atendimentos, se o paciente se considera pardo, preto, branco, amarelo, indígena etc., porque isso ajuda na produção de dados e informações sobre doenças, mortalidade, entre outros. Quando você enxerga esses indivíduos como universais, você pode reproduzir preconceitos e violências comuns na nossa sociedade, e isso não deve acontecer", afirmou.

São abordados ainda na capacitação assuntos como terminologias corretas na tratativa de determinadas populações, indicadores de doenças específicas e combate ao preconceito.

Esta formação aborda todos os novos servidores da área da saúde. Além da Subsecretaria de Igualdade Racial, outras pastas, como Políticas da Diversidade, também levam suas considerações aos alunos.

Fotos: Sidnei Barros/PMG