Saúde discute a Síndrome do Paciente Acumulador

Quarta, 26 de Junho de 2019 - 18:28

Nesta terça-feira (25) foi realizada a “Conversa sobre a Síndrome do Paciente Acumulador, também conhecida como a Síndrome de Diógenes. A atividade, realizada no Salão de Artes do Adamastor Centro, faz parte da programação especial do programa Ambienta Saúde para o Junho Marrom, mês dedicado à Saúde Ambiental, e reuniu profissionais de diversas secretarias.

A bióloga e mestre em Saúde Pública, Karen Avilez de Andrade, iniciou o evento com a exibição de um curta metragem impactante sobre a história dos irmãos Collyer. Dois acumuladores compulsivos que tiveram um trágico fim dentro de seu próprio casarão, de onde foram retiradas mais de 130 toneladas de detritos, como: pedaços de metal, jornais, garrafas, latas, rádios, armas, pianos, chassis de carro, mandíbula de cavalo, esqueletos humanos, bicicletas, brinquedos entre outros. 

Em seguida, Karen, que também é gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), discorreu sobre a doença, que em 2013 foi incluída como Transtorno de Acumulação (TA), na nova edição do manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-5 da American Psychiatric Association (APA). O TA é caracterizado pela aquisição ou coleta de bens ou objetos descartados como lixo, e a incapacidade de usá-los ou descartá-los, mesmo quando os itens são inúteis, perigosos ou insalubres, bem como o resgate de animais de rua ou que sofrem maus tratos com dificuldade de doá-los posteriormente. 

A especialista também falou dos fatores que podem desencadear a doença, como experiências na primeira infância e/ou fatores genéticos, gestacionais/ fetais, psicossociais e ambientais, bem como crises e traumas. Além disso, abordou os sintomas, a epidemiologia e os riscos da acumulação. Apresentou, inclusive, dois casos de pessoas em situação de acumulação compulsiva na cidade. Um deles era sobre um casal que acumulava coisas e animais por mais de 20 anos, consumia água de um poço com alta contaminação de coliformes fecais, além de frutas e hortaliças plantadas no mesmo terreno.

Segundo Karen, o atendimento destes pacientes se dá pela Rede Intersetorial no Cuidado Integrado a Suspeita de Acumulação Compulsiva (RIAPAC), que tem a  Unidade Básica de Saúde como porta de entrada. A RIAPAC é um conjunto articulado de condutas terapêuticas, que é resultado de discussões entre os envolvidos, equipe interdisciplinar, usuário, familiares e a equipe que recebe o apoio matricial para tratamento do paciente. “O cuidado integral deve ser centrado nos territórios, visando a garantia de direitos com a promoção de autonomia e o exercício de cidadania, buscando progressiva inclusão social e ressignificação das condições de vida”, concluiu.