Capacitação aborda a relevância dos pescados crus na saúde pública

Terça, 18 de Junho de 2019 - 18:13

Quando se fala em peixes e frutos do mar, logo se imagina uma alimentação balanceada e saudável. Porém, nem sempre é assim e alguns cuidados são fundamentais na hora de comprar e consumir esses alimentos, especialmente se for ingeri-los crus, alerta Marianna Vaz Rodrigues, membro da Comissão de Aquicultura e Pesca do Conselho Regional de Medicina Veterinária, que esteve em Guarulhos na semana passada para ministrar uma capacitação aos agentes de fiscalização da Vigilância Sanitária Municipal.

De acordo com a especialista, que é formada em Medicina Veterinária pela Universidade Metropolitana de Santos, com mestrado em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio e pós- doutorado em Sanidade de Animais Aquáticos, a criação de peixes e moluscos em cativeiro, a reunião de espécies diferentes em um mesmo local e o descarte inadequado da água do aquário favorecem a contaminação dos cursos d’água e dos organismos aquáticos por bactérias, fungos e parasitas, podendo causar no homem desde uma diarreia até uma infecção generalizada.

Isso acontece porque, segundo ela, algumas espécies como as tilápias são muito suscetíveis às parasitoses e, quando misturadas com outros animais aquáticos, podem contaminá-los. No caso dos peixes ornamentais, como não há um monitoramento sobre a saúde dos mais diversos exemplares comercializados, eles também podem ser portadores de bactérias ou outros organismos causadores de doenças em seres humanos. Portanto, ao jogar a água do aquário no esgotamento sanitário, ela vai desembocar em rios e mares, contaminando a fauna e a flora desses cursos d’água e do oceano.

Sinais de contaminação

Saber se a espécie está infectada por microorganismos muitas vezes não é uma tarefa fácil. Por isso, a atuação da Vigilância Sanitária é de extrema importância. Para a população, as principais dicas são: certificar-se sobre a procedência do pescado, de que o peixe não tenha manchas, furos ou cortes em sua superfície. As escamas devem estar firmes e resistentes e de coloração translúcida e brilhante. A pele tem que estar úmida e bem aderida.

Além disso, os olhos não podem apresentar pontos esbranquiçados no centro, ao contrário, devem estar brilhantes em toda a cavidade ocular. A parte interna das brânquias tem de estar vermelha e ter aspecto vivo, apresentando vasos sanguíneos cheios e fixos e, de maneira alguma, pode apresentar muco em forma de líquido pastoso.

Ausência de legislação

Realizada no auditório da Secretaria de Saúde, a capacitação contou com a participação de autoridades sanitárias não só do município, como também de cidades como Mogi das Cruzes, Santa Isabel, Suzano, além de representantes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Da Produção ao Consumo de Pescados Crus e a sua Relevância na Saúde” foi o tema da palestra que serviu para subsidiar os profissionais de Guarulhos na construção de uma legislação para regular a comercialização desses gêneros alimentícios na cidade.

Apesar do aumento do número de estabelecimentos e restaurantes que servem pescados crus e de seu consumo apresentar elevado risco sanitário, não existe no Brasil legislação específica sobre o tema. Por isso, Guarulhos, por meio de uma iniciativa inédita, está trabalhando na construção de uma lei municipal, que vai fornecer as diretrizes de como deve ser a fiscalização desse ramo de atividade.

“O objetivo é proteger a saúde dos consumidores, bem como auxiliar comerciantes e manipuladores a selecionar, preparar, armazenar e comercializar os alimentos de forma adequada, higiênica e segura”, destacou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Valeska Aubin Zanetti Mion.