Residência Terapêutica muda a vida de pacientes psiquiátricos na cidade

Quarta, 22 de Maio de 2019 - 18:21

Cuidado humanizado e em liberdade. Esses são os direitos defendidos pela Reforma Psiquiátrica e que, mesmo dito com outras palavras, foram os valores destacados por Gisela Gonçalves, 47 anos, para descrever a assistência recebida na Residência Terapêutica do SUS – RT Cantareira, em Guarulhos, que completou um ano de atividade nesta quarta-feira (22).

Moradora da instituição desde sua inauguração, a assistida, que passou 30 anos de sua existência confinada em um hospital psiquiátrico da região de Sorocaba, conta como sua vida melhorou nesses últimos tempos. “Antes eu não saía nem do quarto. Eles amarravam a gente com faixas nos pés, nas mãos e na barriga. Aqui sou feliz, posso até andar de ônibus”, declarou Gisela. Com vestido longo listado de preto e vermelho, ela aproveitou a festa de aniversário do serviço: dançou, cantou e apresentou seu quarto equipado com televisão, que ela diz toda orgulhosa ter comprado “com seu próprio dinheiro”.

Alternativa de moradia

As residências terapêuticas funcionam em casas inseridas na comunidade e, geralmente, são vinculadas a um Centro de Atenção Psicossocial, como é o caso da RT Cantareira que conta com o respaldo do Caps  II Osório César, cuja equipe de médicos e demais profissionais são responsáveis pela avaliação, acompanhamento e o desenvolvimento de projetos terapêuticos singulares. Além disso, o serviço conta com o apoio das demais unidades de Saúde do território onde está inserido, em conformidade com a Lei Federal nº 10.216/ 2001.

Criados como uma modalidade assistencial substitutiva à internação psiquiátrica prolongada, os serviços residenciais terapêuticos podem comportar no máximo 10 pessoas. Eles são alternativa de moradia para acolher pessoas egressas de internações psiquiátricas de longa duração, que possuem transtornos mentais e que não têm familiares ou suporte social. “As RTs são a realização prática de tudo o que a gente defende”, destacou Fernanda Ramos Ferreira, coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Guarulhos.

Evolução comportamental

Para a gerente do Caps II, Vandymeire Gonçalves Santos, que acompanha os assistidos pela RT Cantareira desde sua chegada à casa, cada um deles, dentro de sua história, teve pontos de evolução nesse período. “Eu vejo muitas melhoras, principalmente sobre a adaptação deles à suas condições clínicas. Eles ganharam mais autonomia e melhoraram a questão comportamental. No caso daqueles que têm família, houve maior aproximação entre eles, uma vez que na RT não tem restrição ao horário de visita nem tampouco limitação de idade aos visitantes”, explicou.

À frente da RT Cantareira desde setembro do ano passado, a coordenadora do serviço, Luciana Vieira da Silva Santos, também já percebe mudança positiva nos moradores, "principalmente no aspecto de socialização", observa. Além desta unidade, Guarulhos mantém, desde 2015, outra Residência Terapêutica do SUS no bairro Bom Clima. “Esse cuidado faz a diferença na vida de cada uma dessas pessoas”, resumiu a diretora da Região de Saúde Cantareira, Virgínia Adelaide dos Santos Frassei.