Subsecretaria da Diversidade combate preconceitos no Dia da Visibilidade Bissexual

Sexta, 23 de Setembro de 2022 - 15:00

Nesta sexta-feira (23) é celebrado o Dia da Visualidade Bissexual. A data foi instituída em 1999 por ativistas que reivindicavam espaço para o reconhecimento às suas vivências afetivo-sexuais e para combaterem o preconceito. Pessoas bissexuais, frequentemente chamadas de “bi”, são emocionalmente, romanticamente ou sexualmente atraídas por pessoas de mais de um gênero. Para alguns bissexuais, o grau e os modos pelos quais elas são atraídas por pessoas de diferentes gêneros podem mudar durante a vida.

As pessoas bissexuais enfrentam preconceitos pesados, muitos deles até mesmo dentro da comunidade LGBTQIA+. Desta forma, a data é importante para incluir as pessoas bissexuais dentro da própria comunidade LGBTQIA+, haja vista que esta cresceu dentro da sociedade e vem cada vez mais sendo notada.

Os preconceitos enfrentados pelas pessoas bissexuais ocorrem em vários níveis e espaços por se entender que elas precisam definir um lado de sua atração física e ou sentimento afetivo, ou que elas são pessoas disponíveis para realizar fantasias de casais. Essa exclusão corrobora com a cultura difundida de que a sexualidade deveria ser, ou é, muito binária e a bissexualidade, contudo, perfura esse padrão e rompe tabus.

É triste a realidade de que muitas pessoas têm a visão preconceituosa sobre as pessoas bissexuais. Impõem-se a elas estigmas de promiscuidade, de que sãos as mais propensas às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem ser mais infiéis, que não sabem o que querem em relação as suas preferências afetivo-sexuais, enfim, que são pessoas instáveis, e até que inventam moda, como se elas tivessem um botão de liga/desliga implantado.

Essas rejeições, que muitas vezes beiram o falso moralismo, causam danos sérios à saúde mental dessa população. Um estudo publicado na revista científica Journal of Public Health, em 2015, sugere que em comparação às mulheres lésbicas, as bissexuais têm 64% mais chance de enfrentar um distúrbio alimentar, probabilidade 37% maior de sofrer com automutilação e estão 26% mais propensas a sofrer quadros de depressão.

Falas preconceituosas como “que tal um relacionamento a três?”, “uma saidinha só para provar o diferente?”, “uma aventura a três?” são tipos de convites, intenções e definições que pioram o entendimento da pessoa bissexual, gerando conflitos internos, desconstruindo algumas vezes anos de trabalho para a autoaceitação, além de serem totalmente ofensivos.

A bifobia (discriminação contra a bissexualidade) existe muitas vezes de forma velada dentro do trabalho, na roda de amigos, em casa, mas é extremamente prejudicial para essa população. A própria aceitação é um processo longo e dolorido. Não é uma festa. Quando a pessoa bissexual consegue se aceitar como nasceu e é, passa a ser libertador.

“Feliz dia da visibilidade bissexual com B, que não é de biscoito nem de bolacha, para nós que não estamos em cima do muro e não precisamos escolher um lado. Não somos ménage de casal”. Essa mensagem, de autoria da criadora de conteúdo Juliane Rodrigues, viralizou na internet em 2018 por ocasião do Dia da Visibilidade Bissexual. A frase define muitos dos preconceitos enfrentados pelas pessoas bissexuais, até mesmo dentro da comunidade LGBT+.

Já passou do tempo e da hora: é dever de cada cidadão estudar mais sobre assuntos que não aceita. É muito importante ter o conhecimento da bissexualidade, pois ninguém está livre de ter essa orientação sexual ou conviver com alguma pessoa desse segmento, a qual merece respeito como todo e qualquer cidadão.

Necessário se fazer entender, estudar e aprender quem são as pessoas LGBTQIA+; por que são minoria; por que precisam ser defendidas e representadas; por que uma pessoa bissexual sofre e é deixada de lado muitas vezes apenas por ser bi.

A invisibilidade bissexual faz com que parte dessas pessoas deixe de fazer exames médicos e, por sentirem receio e constrangimento, passam a esconder seu histórico sexual, trazendo prejuízos inúmeros à saúde física e mental.

Quando uma pessoa declara ser bissexual em público, na maioria das vezes ainda se lê e se entende que ela é promíscua por atrelarem a ela apenas sexo, o órgão genital. Esquece-se que corre sangue em suas veias e que esta pessoa chora, ri, sofre, trabalha, tem família e ama.

A sociedade pode colaborar no combate à bifobia procurando abrir espaços para que as pessoas bissexuais tenham fala e sejam aceitas por seus conteúdos e que à frente delas venham suas qualidades.

As pessoas devem ampliar possibilidades de discussões procurando entender que ser bissexual é apenas uma das variadas formas de orientação sexual e de expressão de sexualidade.

O respeito a todos é constitucional, a orientação sexual e a identidade de gênero cabem a cada indivíduo e todos devem ir e vir com segurança, ser aceitos como são. A pessoas bissexuais precisam ser visíveis. Elas têm esse direito garantido.

O verdadeiro significado do respeito está atrelado à empatia. Ele é vivido realmente quando se troca de lugar com a pessoa que traz alguma diversidade apontada, por muitos, antes de seus adjetivos.

Imagem: Divulgação/PMG