1º Encontro de Economia Criativa enriquece debate sobre cultura e trabalho

Quarta, 24 de Abril de 2019 - 16:42

Debater sobre os mecanismos que envolvem a gestão pública da Cultura à luz de sua relação com os aspectos de geração de renda e trabalho foi o foco do 1º Encontro de Economia Criativa de Guarulhos na Biblioteca Monteiro Lobato, nesta terça-feira (23).

A realização foi da Prefeitura e contou com a participação de especialistas do setor criativo, além das presenças do secretário de Cultura, Vitor Souza, da secretária do Trabalho, Telma Cardia, e do vice-presidente da Câmara Técnica de Cultura da Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê) e secretário de Cultura de Poá, Mário Sumirê.

De acordo com o secretário Vitor, esse debate é fundamental por aproximar visões sobre a economia de cidades que também têm o desafio de se reinventar. “É uma experiência que vem acontecendo em todo o mundo, uma discussão na qual cidades pioneiras já puderam observar ótimos resultados, uma forma de estreitar essa relação entre cultura e trabalho que faz bastante sentido para o munícipio de Guarulhos”, disparou o secretário, enfatizando o protagonismo de Guarulhos na abertura de diálogo com os municípios vizinhos.

Por sua vez, Telma Cardia tratou dos desafios que se impõe aos governos diante do grande número de pessoas desempregadas, que buscam novas qualificações e outros postos de trabalho. “O Poder público tem a obrigação de encontrar caminhos para que as pessoas possam garantir o sustento de suas famílias e somente por meio de ações conjuntas e alinhadas entre as secretarias, vamos conseguir resolver tal problemática em nossas cidades”, observa Telma, ressaltando ações da pasta, como por exemplo, o cadastro de artesãos, iniciativa permanente no município de Guarulhos.

Temos um sonho

Em Guarulhos, o Projeto Tear, serviço da rede de atenção psicossocial da Secretaria da Saúde, consolida­-se como uma iniciativa pública de geração de trabalho e renda a partir da aproximação com o campo da economia solidária. Denise Antunes, coordenadora do Projeto, apresentou aos participantes do 1º Encontro de Economia Criativa de Guarulhos resultados bastante exitosos sobre a iniciativa, criada no município em 2003.

“O Tear tem como foco principal a inclusão social por meio do trabalho, cultura e convivência. Esse trabalho dialoga bastante com as políticas intersetoriais, que nos aproxima da Cultura, Trabalho e Meio Ambiente, secretarias que nos ajudam a desenvolver práticas, como as oficinas de terapia e trabalho. O Tear também tem forte aproximação com valores da criatividade, entendida nesse contexto como um valor protetivo da saúde”, explicou a coordenadora.

O encontro fez ainda escolhas assertivas ao trazer convidados cujas experiências e trajetórias profissionais colaboraram, sobremaneira, com a diversidade de temas. A partir do enfoque da concepção do “outro”, de estratégias de desenvolvimento sustentável e da elaboração de políticas públicas para a inclusão social, Solange Aparecida de Lima, consultora e assessora da área, apresentou aos participantes do encontro diagnósticos e aspectos relevantes sobre o panorama da Economia Solidária.

“Essa é uma das formas possíveis que os trabalhadores encontram para se organizar coletivamente, a partir de uma atividade econômica altamente diferenciada para gerar trabalho e renda”, explicou Solange na abertura do encontro, pautando a discussão em valores como solidariedade, igualdade, cooperação e democracia.

André Pomba, empreendedor cultural e ex-diretor do Proac-SP, compartilhou com os participantes experiências de projetos desenvolvidos na área, como por exemplo, o extinto projeto SP Cultura no Metrô, que abriu espaço nas estações da capital para que bandas de rock pudessem se apresentar, e o case da cidade de Santos, que passou a confeccionar suas próprias fantasias de Carnaval, gerando trabalho e renda para as costureiras locais.

“Ações como essas foram essenciais para viabilizar e fomentar projetos com artistas e músicos, valorizando a produção local e criando formas de gerar trabalho e incentivar a criatividade, o que transformou positivamente muitos cenários”, explicou Pomba.

Consultor da Sunrise Digital, Everton Soares, o Dj Pardal, apresentou relatos da implementação do Projeto Criado em Sampa, responsável pela criação e desenvolvimento de negócios na área da Economia Solidária, fomentando o empreendedorismo. “Patente, marca, propriedade intelectual, formação jurídica e tipos de empresas são alguns dos temas abordados durante os módulos do The Studio, metodologias que permitem ao empreendedor planejar o negócio e descobrir suas potencialidades”, explicou Everton, falando da importância do artista reconhecer-se como empreendedor cultural.

Economia Criativa

Economia criativa é o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico. Em 2018, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 21 de abril como data oficial para celebrar o Dia Mundial da Criatividade. A iniciativa celebra o uso da criatividade e inovação para o alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU em 2015 para “assegurar uma vida saudável, promover o bem-estar para todos, proteger o patrimônio cultural, reduzir impacto ambiental, gerir melhor recursos e resíduos”.

A indústria criativa estimula a geração de renda, cria empregos e produz receitas de exportação, enquanto promove a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. Nesse sentido, ações de geração de trabalho e rendase consolidam como uma iniciativa pública a partir da aproximação com o campo da economia solidária, gerando valores como cooperação, coletividade, solidariedade, sustentabilidade e desenvolvimento da criatividade.

Imagem: Rodrigo Marcelo